Total de visualizações de página

domingo, 20 de novembro de 2011

Plante seu jardim!

Presença.

Flexibilidade.

O Presente.

Seguir em frente é só o começo.

Falando sobre a vida.

Falando sobre amor.

Falando sobre família.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

XVV. Canção - Alphonsus de Guimaraens

Nasci poeta. Que queres?
Hei de viver a cantar
Farei versos às mulheres
Ao sol, à noite, ao luar.
Envolto na minha capa,
Viverei no meu jardim,
Nossa Senhora da Lapa
Há de sorrir para mim.
Pois ela sabe que esta alma
É mais pura que uma flor.
Vive tão calma, tão calma,
No sonho do meu amor!
Nas asas da fantasia,
Para meu bem ou meu mal,
Hei de viver noite e dia,
Até morrer afinal…

Remorso (Olavo Bilac)

Às vezes, uma dor me desespera...
Nestas ânsias e dúvidas em que ando.
Cismo e padeço, neste outono, quando
Calculo o que perdi na primavera.
Versos e amores sufoquei calando,
Sem os gozar numa explosão sincera...
Ah! Mais cem vidas! com que ardor quisera
Mais viver, mais penar e amar cantando!
Sinto o que desperdicei na juventude;
Choro, neste começo de velhice,
Mártir da hipocrisia ou da virtude,
Os beijos que não tive por tolice,
Por timidez o que sofrer não pude,
E por pudor os versos que não disse!

Ouvir Estrelas (Olavo Bilac)

"Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muitas vezes desperto
E abro as janelas, pálido de espanto...
E conversamos toda a noite, enquanto
A via-láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.
Direis agora: "Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?"
E eu vos direi: "Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas."

domingo, 14 de agosto de 2011

Paradoxo de Luís de Camões


Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.

É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.

É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?

domingo, 7 de agosto de 2011

Palavras - Olavo Bilac


As palavras do amor expiram como os versos,
Com que adoço a amargura e embalo o pensamento:
Vagos clarões, vapor de perfumes dispersos,
Vidas que não têm vida, existências que invento;

Esplendor cedo morto, ânsia breve, universos
De pó, que o sopro espalha ao torvelim do vento,
Raios de sol, no oceano entre as águas imersos
-As palavras da fé vivem num só momento...

Mas as palavras más, as do ódio e do despeito,
O "não!" que desengana, o "nunca!" que alucina,
E as do aleive, em baldões, e as da mofa, em risadas,

Abrasam-nos o ouvido e entram-nos pelo peito:
Ficam no coração, numa inércia assassina,
Imóveis e imortais, como pedras geladas.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros - Gonçalves Dias

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,

De vivo luzir,
Estrelas incertas, que as águas dormentes
Do mar vão ferir;

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Têm meiga expressão,
Mais doce que a brisa, — mais doce que o nauta
De noite cantando, — mais doce que a frauta
Quebrando a solidão,

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
De vivo luzir,
São meigos infantes, gentis, engraçados
Brincando a sorrir.

São meigos infantes, brincando, saltando
Em jogo infantil,
Inquietos, travessos; — causando tormento,
Com beijos nos pagam a dor de um momento,
Com modo gentil.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Às vezes luzindo, serenos, tranquilos,
Às vezes vulcão!

Às vezes, oh! sim, derramam tão fraco,
Tão frouxo brilhar,
Que a mim me parece que o ar lhes falece,
E os olhos tão meigos, que o pranto humedece
Me fazem chorar.

Assim lindo infante, que dorme tranquilo,
Desperta a chorar;
E mudo e sisudo, cismando mil coisas,
Não pensa — a pensar.

Nas almas tão puras da virgem, do infante,
Às vezes do céu
Cai doce harmonia duma Harpa celeste,
Um vago desejo; e a mente se veste
De pranto co'um véu.

Quer sejam saudades, quer sejam desejos
Da pátria melhor;
Eu amo seus olhos que choram em causa
Um pranto sem dor.

Eu amo seus olhos tão negros, tão puros,
De vivo fulgor;
Seus olhos que exprimem tão doce harmonia,
Que falam de amores com tanta poesia,
Com tanto pudor.

Seus olhos tão negros, tão belos, tão puros,
Assim é que são;
Eu amo esses olhos que falam de amores
Com tanta paixão.

Meu Erro (Autor desconhecido) - Dedico à Deus.

Meu erro foi não seguir os meus princí­pios
Foi esquecer o que sou e me deixar levar
Foi deixar que uma noite me tirasse o sorriso


Meu erro foi esquecer que você existe
Foi permitir que a raiva me dominasse
Foi esquecer da sua importí¢ncia para mim
Foi, enfim, te magoar


Peço hoje que me perdoe pelos meus atos
E se um dia puder, volte a confiar em mim
Não sei quão grave foi meu erro,
Mas você para mim é incondicional.

Ismália - Alphonsus de Guimaraens (Poeta Simbolista)


Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.

No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...

E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...

E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...

As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...

Menina e Moça - Machado de Assis

Está naquela idade inquieta e duvidosa, 
Que não é dia claro e é já o alvorecer; 
Entreaberto botão, entrefechada rosa, 
Um pouco de menina e um pouco de mulher. 

Às vezes recatada, outras estouvadinha, 
Casa no mesmo gesto a loucura e o pudor; 
Tem coisas de criança e modos de mocinha, 
Estuda o catecismo e lê versos de amor. 

Outras vezes valsando, e* seio lhe palpita, 
De cansaço talvez, talvez de comoção. 
Quando a boca vermelha os lábios abre e agita, 
Não sei se pede um beijo ou faz uma oração. 

Outras vezes beijando a boneca enfeitada, 
Olha furtivamente o primo que sorri; 
E se corre parece, à brisa enamorada, 
Abrir asas de um anjo e tranças de uma huri. 

Quando a sala atravessa, é raro que não lance 
Os olhos para o espelho; e raro que ao deitar 
Não leia, um quarto de hora, as folhas de um romance 
Em que a dama conjugue o eterno verbo amar. 

Tem na alcova em que dorme, e descansa de dia, 
A cama da boneca ao pé do toucador; 
Quando sonha, repete, em santa companhia, 
Os livros do colégio e o nome de um doutor. 

Alegra-se em ouvindo os compassos da orquestra; 
E quando entra num baile, é já dama do tom; 
Compensa-lhe a modista os enfados da mestra; 
Tem respeito a Geslin, mas adora a Dazon. 

Dos cuidados da vida o mais tristonho e acerbo 
Para ela é o estudo, excetuando talvez 
A lição de sintaxe em que combina o verbo 
To love, mas sorrindo ao professor de inglês. 

Quantas vezes, porém, fitando o olhar no espaço, 
Parece acompanhar uma etérea visão; 
Quantas cruzando ao seio o delicado braço 
Comprime as pulsações do inquieto coração! 

Ah! se nesse momento alucinado, fores 
Cair-lhes aos pés, confiar-lhe uma esperança vã, 
Hás de vê-la zombar dos teus tristes amores, 
Rir da tua aventura e contá-la à mamã. 

É que esta criatura, adorável, divina, 
Nem se pode explicar, nem se pode entender: 
Procura-se a mulher e encontra-se a menina, 
Quer-se ver a menina e encontra-se a mulher!

Língua Portuguesa

Última flor do Lácio, inculta e bela, 
És, a um tempo, esplendor e sepultura: 
Ouro nativo, que na ganga impura 
A bruta mina entre os cascalhos vela 
Amo-se assim, desconhecida e obscura 
Tuba de algo clangor, lira singela, 
Que tens o trom e o silvo da procela, 
E o arrolo da saudade e da ternura! 
Amo o teu viço agreste e o teu aroma 
De virgens selvas e de oceano largo! 
Amo-te, ó rude e doloroso idioma, 
Em que da voz materna ouvi: "meu filho!", 
E em que Camões chorou, no exílio amargo, 
O gênio sem ventura e o amor sem brilho! 

Requiescat - Olavo Bilac

Por que me vens, com o mesmo riso, 
Por que me vens, com a mesma voz, 
Lembrar aquele Paraíso, 
Extinto para nós? 

Por que levantas esta lousa? 
Por que, entre as sombras funerais, 
Vens acordar o que repousa, 
O que não vive mais? 

Ah! esqueçamos, esqueçamos 
Que foste minha e que fui teu: 
Não lembres mais que nos amamos, 
Que o nosso amor morreu! 

O amor é uma árvore ampla, e rica 
De frutos de ouro, e de embriaguez: 
Infelizmente, frutifica 
Apenas uma vez... 

Sob essas ramas perfumadas, 
Teus beijos todos eram meus: 
E as nossas almas abraçadas 
Fugiam para Deus. 

Mas os teus beijos esfriaram. 
Lembra-te bem! lembra-te bem! 
E as folhas pálidas murcharam, 
E o nosso amor também. 

Ah! frutos de ouro, que colhemos, 
Frutos da cálida estação, 
Com que delícia vos mordemos, 
Com que sofreguidão! 

Lembras-te? os frutos eram doces... 
Se ainda os pudéssemos provar! 
Se eu fosse teu... se minha fosses, 
E eu te pudesse amar... 

Em vão, porém, me beijas, louca! 
Teu beijo, a palpitar e a arder, 
Não achará, na minha boca, 
Outro para o acolher. 

Não há mais beijos, nem mais pranto! 
Lembras-te? quando te perdi 
Beijei-te tanto, chorei tanto, 
Com tanto amor por ti, 

Que os olhos, vês? já tenho enxutos, 
E a minha boca se cansou: 
A árvore já não tem mais frutos! 
Adeus! tudo acabou! 

Outras paixões, outras idades! 
Sejam os nossos corações 
Dois relicários de saudades 
E de recordações. 

Ah! esqueçamos, esqueçamos! 
Durma tranqüilo o nosso amor 
Na cova rasa onde o enterramos 
Entre os rosais em flor... 

Um Beijo (Olavo Bilac)

Foste o beijo melhor da minha vida,
ou talvez o pior...Glória e tormento,
contigo à luz subi do firmamento,
contigo fui pela infernal descida!
Morreste, e o meu desejo não te olvida:
queimas-me o sangue, enches-me o pensamento,
e do teu gosto amargo me alimento,
e rolo-te na boca malferida.
Beijo extremo, meu prêmio e meu castigo,
batismo e extrema-unção, naquele instante
por que, feliz, eu não morri contigo?
Sinto-me o ardor, e o crepitar te escuto,
beijo divino! e anseio delirante,
na perpétua saudade de um minuto...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um grito de socorro


O medo aprisiona a alma e, cruelmente, a corroi em segundos, que parecem mais com séculos. 
Ela pede socorro, quer se libertar.
Diante de tantas situações lhe proporcionadas durante a vida, ela sente-se impotente, incapaz de, sequer, movimentar-se, o que a faz adormecer aos poucos pelo cansaço que a consome.
Outra vez acorda. Luta. Sangra. Mas seus sentimentos, por algum motivo, não se convertem em palavras ditas. 
Mais uma vez sente-se perdida.
- O que faço? , pergunta aflita numa incessante perturbação.
Não encontrando respostas, decide seguir.
Percebe que quando chega num certo ponto a estrada bifurca-se. Novamente sofre, mas dessa vez ajoelha-se e chora. Suas lágrimas ao tocarem o chão, congelam. Seus sonhos são esquecidos. Seus desejos viraram mera vontade. 
Está sozinha. Ninguém a escuta. Ou melhor, tapam os ouvidos. Ela entra em desespero. O som de seus gritos misturam-se ao som do vento.
Ela tem acesso de loucura! Ela se retorce! Ela corta os pulsos! Ela o descontrola! Ela o mata!
- Não quero mais viver dentro de ti., diz em prantos, Tu me aprisionas, tu me matas aos poucos. Eu quero poder ser livre. Eu preciso! Eu necessito!
- Se não quiseres me deixar, eu te imploro: Deixa-me viver! Deixa-me te ajudar! Deixa-me te consolar!
Tarde demais.
O chão se abre. O mesmo a faz estar à beira de um abismo.
Enxerga uma luz e sente medo. Uma mão toca-lhe o ser. Fecha os olhos e adormece. 
Quando desperta percebe que não mais está possuindo algo, mas não entende o que aconteceu.
O tempo passa e num dos encontros com a verdade nota que se libertou, só que, após mais algum tempo, nota que ainda não era sua hora de estar ali, e sim que a anteciparam por ter estimulado a covardia do corpo influenciado pelos impulsos da carne.
Cruel! Sim! Cruel! 
A sensação de abandono volta e ela, outra vez, se transforma em dor. O que não sabe é que agora esse sofrimento, essa angústia que toma seu ser é para toda a eternidade, porque, infelizmente, teve pressa.

Então, por favor, não se entregue antes de lutar. 
Vá! E não deixe o medo ou a covardia te arruinar. Eles são traiçoeiros.

A alma chora



Às vezes, procuramos entender tantas coisas que acontecem em nossa vida.
O tempo passa e acabamos percebendo que essas coisas são apenas sentidas. Sentidas de tal forma que possam fazer-nos entender o porquê de acontecerem.
Na verdade, essas coisas são indescritíveis. Não se pode explicá-las com palavras. Só os sentimentos as entendem.
É dentro desse abstracionismo, muitas vezes cruel e fulminante, que nos encontramos por muitas vezes, e nos damos conta de quem realmente somos por dentro. Ou não. Nos perdermos mais ainda.
Muitas vezes nos indagamos, sempre atrás de explicações para tal.
O fato é que nunca encontramos. Por mais que peçamos ajuda através de um grito de socorro quem vem da alma, não encontramos.
Portanto, o que nos resta é apenas aceitar que todos nós, sem exceção, temos dois lados, duas faces que podem ou não estar em harmonia.

Talvez não seja apenas saudade .



Sentir falta daquilo que um dia nos fez bem é muito bom. Aliás, bom é pouco. É ótimo! 

Lembrar das amizades antigas e novas é o melhor momento que se tem para refletir sobre as atitudes daquelas pessoas que viveram ao teu lado por um bom tempo. Tu acabas percebendo que não se dava conta do quão eram importantes para ti.
O mais engraçado é que quando estamos vivendo esse momento, percebemos que naquele tempo não tínhamos a noção de que um dia cada um teria que seguir seu caminho. Cada um teria que partir para um lado. E...Irem atrás de seus sonhos!
Hoje, não tem como não pensar nisso e, sequer, não sentir uma certa angústia no peito, como se tivessem te tirado algo/alguém para sempre. 
Realmente, coisas boas, pessoas boas, momentos bons, fazem falta. Mas fazem falta para aqueles que puderam conviver de jeito único e aproveitar do jeito que deveria ser aproveitado, ou não, sendo que, cada um a sua maneira.
Talvez possamos nos encontrar lá na frente. 
É...Podemos sim! 
E talvez nem ser aquele abraço de como quando nos encontrávamos no colégio.
Posso estar enganada. Boas amizades sempre duram mesmo à longas distâncias e mesmo que se passem anos e anos sem ver aquela pessoa. Aquela pessoa! Que, numa época remota, fez dos teus dias um dos melhores que poderiam ser.
Ninguém mais brinca ou briga. Todos têm os seus objetivos e metas a serem atingidas. Todos estão maduros. Ou não, mas com seus modos de pensar consolidados. Ou não. Todos têm o livre arbítrio de acreditar naquilo que acha ser o correto, e têm lá os seus conceitos sobre o que é errado.
Queria muito saber se todos, como eu, chegaram, um dia, a sentir isso. 
Não é algo que eu possa definir com uma palavra ou tentar explicar com frases ou textos. É algo abstrato. Só pode ser sentido. E por isso lhes pergunto: "Já sentiram isso algum dia?". 
É diferente. É estranho. É a primeira vez!
Ter dúvidas se terá ou não algo que se quer muito, é ruim.
Uma das únicas certezas que tenho é a de que sinto saudade. Muita saudade!
Terei boas lembranças. Apenas boas. Somente boas. Sempre!
Obrigada àqueles que me fazem bem!